terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Idosos Abandonados


ENCONTRADOS MORTOS….
Este início de frase fez capa de muitos jornais que fizeram despertar a sociedade portuguesa para uma realidade social que, acredito, para a maioria dos cidadãos era totalmente desconhecida. Os meus alunos fizeram-se acompanhar de várias notícias que marcaram o inicio do ano de 2011 e que, por coincidência ou talvez não, a maioria incidia sobre os mesmos acontecimentos o que, por si só, me levou a seleccionar este conteúdo pela relevância que teve para eles e, julgo, para os cidadãos, em geral.
Juntando as várias noticias verificámos que, num curto espaço de tempo, tinham sido encontrados mais idosos mortos nas casas onde viviam sozinhos, dias depois de terem falecido. Depois de conhecida a noticia que dava conta de uma mulher que estava morta no seu apartamento há nove anos veio a público mais dois casos, um de um reformado do Exército, de 71 anos, encontrado sem vida na casa onde vivia só, na aldeia de Balsas, no concelho de Cantanhede e outro de um homem de 80 anos, encontrado sem vida em sua casa, em São Mamede de Infesta (concelho de Matosinhos), em circunstâncias muito parecidas ao anterior.
Tais acontecimentos, levam, pelo menos, à necessidade de uma reflexão da nossa sociedade sobre a forma como estamos a lidar com a nossa população mais envelhecida. De acordo com um estudo levado a cabo pela doutora Catarina Oliveira, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, e uma das autoras do estudo sobre o perfil do envelhecimento da população portuguesa, cerca de “ 36,5 por cento os idosos portugueses com mais de 65 anos (..) passam mais de oito horas do seu dia sem companhia e 28,9 por cento (..) admitem estar "tristes e deprimidos" (Jornal Público online, de 20 de Fevereiro de 2011). Este flagelo social remete para a dura realidade de se assistir, com cada vez maior frequência, a um isolamento, e em alguns casos, mesmo abandono, de uma grande parte de idosos. Urge, então, intervir. Lutarmos contra esta aparente indiferença ou insensibilidade dos cidadãos para com estes assuntos face a uma sociedade que evidencia, cada vez mais, traços de egoísmo, resignação e complacência com esta situação. É necessário uma mudança de mentalidades consubstanciada numa cumplicidade intergeracional…neste contexto, a sensibilização dos meus alunos para estes problemas evidencia um primeiro passo para essa mudança…
Professor Paulo Dias

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