sábado, 21 de maio de 2011

Pesadelo Nuclear


A escolha da notícia, pelos alunos, sobre o terramoto no nordeste do Japão a 11 de Março de 2011 deveu-se, sobretudo, a três razões. Primeira, pela sensação de impotência da Humanidade perante a força da natureza, por outro, ao “pesadelo” associado ao perigo da energia nuclear que nos traz à memória o desastre nuclear de Chernobil, em 1986 e, por último, pela solidariedade que os alunos quiseram prestar às incontáveis mortes que se registaram neste quadro de destruição generalizada que se verificou.
Contudo, o terramoto que ocorreu no sul da Região de Fukushima, avaliado em 8,9 na escala de Richter, teve a particularidade de evidenciar algo menos negativo retirado do quadro dantesco que marcou este acontecimento. Neste propósito, salienta-se a solidez com que a engenharia japonesa edifica as suas construções. Num terramoto com um elevado poder de destruição somente o avançado conhecimento dos japoneses em matéria de construção anti-sísmica de túneis em terrenos adversos associado às técnicas contra a "liquefação" dos solos permitiria que edifícios ficassem intactos e não fossem derrubados, como baralhos de cartas, como é comum observar-se em outras partes do mundo, sujeitas às mesmas agressões naturais. Dito isto, acrescenta-se que a ocorrência do sismo, por si só, não teria tido resultados tão catastróficos se não fosse precedido de um tsunami que não demorou mais de 10 minutos a atingir a costa, apanhando de surpresa a maioria das pessoas. Ora, se é verdade que a engenharia japonesa está preparada para resistir contra terramotos também não é menos verdade que tal situação não é semelhante no que compete a lidar com situações de tsunamis. Acresce a esta situação, a debilidade da segurança das centrais nucleares que, no Japão, elevam-se a 55. É óbvio que num cenário de sismo e tsunami estavam criadas as condições perfeitas para que algo corresse mal. Todavia, não se pode negligenciar os sistemas de segurança dos reactores nucleares que se desligam, automaticamente, assim que ocorrem as primeiras réplicas de sismo e que suportam sistemas alternativos de resfriamento em caso de falha do sistema principal. Todavia, as inundações, provocadas pelo tsunami, e que levaram à falha colectiva de geradores em duas centrais nucleares aliados a uma construção, em média, de 40 anos (desprovidos de qualquer preocupação sísmica) contribuíram para o agravar da tragédia com a libertação de radioactividade que levou à evacuação de milhares de cidadãos japoneses e ao aumento da angústia mundial com os problemas associados a este tipo de energia. Fica, então, a pairar o pesadelo do uso da energia nuclear…

O professor Paulo Dias

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