sexta-feira, 29 de março de 2013

Perdidos na Terra do Nunca


Ainda não eram oito da manhã e já a criançada estava num frenesim. Junto à entrada da escola, nem os suaves pingos de chuva serenavam a algazarra. Os alunos do 2º ciclo iam para Lisboa e esperava-os um dia em cheio. Ir ao teatro, viajar num barco pelo Tejo, ir ver dinossauros ao Pavilhão do Conhecimento. Às oito em ponto, os professores iniciaram a chamada e os lugares dos autocarros foram, prontamente, ocupados. A partida deu-se poucos minutos depois. Uma viagem cinzenta até Lisboa; o Sol teimava em não despontar. Primeira paragem: Teatro Politeama. Ruidosamente, os alunos aconchegaram-se nos lugares do Teatro e …de repente, cenário, luz, som, fez-se silêncio  e voámos até à Terra do Nunca, onde os meninos nunca crescem e as fadas existem mesmo. O Peter Pan, a Sininho o capitão Gancho espalharam magia entre os espectadores. É este o poder do teatro: deixar-nos sonhar. Após Peter Pan ter-se despedido de nós, esperava-nos nova andança. O próximo destino seria uma verdadeira novidade para os alunos. Os professores tinham-lhes dito que iam andar de barco pelo Rio Tejo. A curiosidade dos alunos era mais que muita: - O barco é muito grande? Porque se chama Princípe Perfeito? Já alguma vez se afundou com crianças lá dentro? Enfim, as interrogações próprias da idade. Assim que saíram dos autocarros, as dúvidas dissiparam-se, tal como o céu cinzento e chuvoso que num prodígio decidiu dar-nos as boas-vindas com luminosos raios de sol. Pudemos desfrutar da viagem e do almoço ao mesmo tempo que sentíamos a brisa a acariciar, levemente, os olhos brilhantes repletos de sonhos. O Mosteiro e a Torre de Belém, o Cristo rei, o Padrão dos Descobrimentos, o Centro Cultural de Belém e a Ponte 25 de Abril foram apreciados de longe e sob a suave ondulação do Tejo. A Viagem já ia a mais de meio, mas a próxima paragem levava-nos a um mundo extinto com criaturas enormes e ferozes que habitam no nosso imaginário. Estávamos entre dinossauros. Criaturas que, custa acreditar, habitaram o nosso planeta há milhões de anos. A imponência do Rex sobrepunha-se a todos os outros. Animal de respeito, este Rex! O dia estava a findar, restava-nos nutrir os estômagos e regressar aos autocarros para a viagem até à escola. Todos esperavam uma viagem silenciosa e calma devido ao cansaço, mas… os alunos da Caranguejeira são bem conhecidos pela sua energia, e os lanches da tarde deviam ter alguma poção mágica que os tornava irredutíveis ao cansaço, pois a viagem foi tudo menos …como dizer…silenciosa. Quais rouxinóis (ou nem tanto) afinaram as goelas e berraram (desculpem, cantaram) durante toda a viagem. Quando chegámos já o Sol se tinha intimidado com a Lua. Todos recolheram às suas casas. Tenho a certeza que os professores retornaram à meninice e escoltaram os alunos numa noite de fantasia onde éramos os heróis da Terra do Nunca a travar arriscadas lutas contra o capitão Gancho, em barcos que deslizavam sob o Tejo, ou onde nos perdíamos num mundo repleto de criaturas monstruosas e ferozes, mas sempre com um final feliz, pois no derradeiro momento seríamos, sempre, salvos por uma fada. Sim, porque as fadas existem mesmo, ou não acreditam?

Professor António da Silva Mendonça



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